Stadt: Coimbra (Portugal)

Frist: 2019-12-31

Beginn: 2020-09-02

Ende: 2020-09-04

URL: http://ailpcsh.org/conlab2020/

Chamada para propostas de comunicações para o Grupo de Trabalho 68 no âmbito do XIV Congresso Luso-Afro-Brasileiro — ConLAB 2020: “Utopias pós-crise. Artes e saberes em movimento”, 2 e 4 de setembro de 2020, em Coimbra, Portugal.

Este grupo de trabalho pretende analisar, por um lado, a natureza da relação entre a história e a ficção e, por outro lado, a maneira como a literatura consegue, num outro patamar de verdade, dizer a história. Trata-se aqui de pôr em evidência a relação entre literatura e história no contexto das literaturas escritas e orais pós-coloniais oriundas da África subsaariana.

Se a história se interroga regularmente sobre os seus pressupostos teóricos, a sua filosofia, as bases da sua epistemologia, essa mesma disciplina foi levada, no final do século passado, a duvidar da impermeabilidade das suas fronteiras a práticas afins, da sua capacidade de exprimir o passado na sua totalidade, de apreender a natureza de certos acontecimentos violentos. Muitos romances pós-coloniais oriundos da África dizem, em várias línguas, não só o passado como também o interpretam a partir de um contexto epistemológico diferente. Retomam as narrativas dominantes impostas durante o período colonial para as desconstruir e propor visões alternativas, contra-hegemónicas, do passado. De certo modo, atualizam/perpetuam a noção de littérature engagée, ou seja, trata-se de escrever contra diversas formas de opressão e/ou de se empenhar em prol da emancipação a partir do retorno à História. Voltar ao passado num contexto sociopolítico complexo, ele próprio marcado por formas diversas de violências física e simbólica, remete também para a postura do “escritor empenhado”. Desde o comércio de pessoas escravizadas até as guerras de independência, a aparição de regimes autocráticos, passando pelas múltiplas formas de resistência à ocupação colonial do território, a prática literária pós-colonial tem investido num terreno fértil. E fê-lo numa grande diversidade de estilos e géneros.

A literatura oral como portadora da filosofia desses povos, configura-se como veículo de preservação e de transmissão do testemunho ancestral, por via da oralidade. A palavra é, dessa forma constitutiva de valor dinâmico e influente. Pois, é pela palavra que se absorve toda a sabedoria difusora dos hábitos e costumes que forjam a sua tradição cultural.

Partindo da teorização sobre diversas práticas literárias no cruzamento entre ficção e história – tais como o romance histórico, a non-fiction novel, a autoficção, a literatura de testemunho, a literatura oral – questionaremos que estratégias narrativas têm surgido na África subsaariana para narrar a História. Propomos investigar estas estratégias nos contextos sociais e políticos em que surgem e, sempre que possível, compará-las com as estratégias que foram desenvolvidas noutros momentos e/ou noutras partes do mundo (p.ex. na América Latina onde a nueva novela histórica teve um auge nos anos 1980).

Este grupo de trabalho aceita comunicações que incidem sobre literaturas escritas e orais oriundas da África subsaariana, a análise comparada, reflexões teóricas sobre a relação entre História e Literatura em diferentes genres, análise do romance como empenhado/engagé através/com/contra a História etc. Este GT privilegiará as propostas com forte cunho teórico, em perspetiva comparada e/ou pluridisciplinar.

Coordenador/as

Fabrice Schurmans

Filiação: Centro de Estudos Sociais

País: Portugal

Email: fschurmans@yahoo.fr

Nota biográfica:

Fabrice Schurmans, investigador, é doutorado em “Estudos pós-coloniais e Cidadania Global” (CES). As suas publicações incidem sobre literaturas pós-coloniais numa perspetiva comparada e interdisciplinar e questões teóricas pós-coloniais.

Doris Wieser

Filiação: Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra

País: Portugal

Email: dowieser@yahoo.com.br

Nota biográfica:

Doris Wieser é Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra na área de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, e doutora em Literatura Ibero-românica pela Universidade de Göttingen (Alemanha).

Domingas Monteiro

Filiação: Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto

País: Angola

Email: dmonte2010@hotmail.com

Domingas Monteiro, é professora auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto, no departamento de Línguas e Literaturas Africanas. Mestre em Estudos Literários Culturais e Interartes pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Beitrag von: Doris Wieser

Redaktion: Unbekannte Person