O Lusitanistentag 2025, que acontecerá em Munique de 15 a 19 de setembro, tem como tema Revisionen, Reparaturen, Reorientierungen (Revisões, Reparações, Reorientações). Dentro de sua programação, a sessão I-3 Colonial narratives revisited: Revisionismo ficcional em textos fílmicos luso-africanos convida pesquisadores(as) a refletirem sobre o cinema luso-africano como um espaço alternativo de construção e revisão das narrativas históricas. Esta Call for Papers é voltada para contribuições que explorem o papel do cinema na reconfiguração dos discursos sobre memória e colonialismo, considerando sua capacidade de reescrever e questionar representações do passado.

Resumo do simpósio:
I – 3: Colonial narratives revisited: Revisionismo ficcional em textos fílmicos luso-africanos

Este simpósio propõe uma reflexão crítica sobre o papel do cinema luso-africano na revisão das narrativas históricas e na construção da memória coletiva. O evento convida pesquisadores(as) a explorar como o cinema, como meio híbrido, pode atuar como uma ferramenta alternativa e subversiva de transmissão da história, desafiando narrativas dominantes e oferecendo novas formas de representação do passado. Apesar dos avanços promovidos pela virada pós-colonial (postcolonial turn) e pela expansão dos estudos da memória (memory boom), persiste a resistência em revisitar o legado colonial e suas consequências.
O cinema luso-africano, ao articular diferentes camadas temporais, vozes e estilos narrativos, oferece uma plataforma única para uma leitura polifônica e, muitas vezes, concorrente, do passado. Além disso, a ficção cinematográfica, ao dialogar com elementos documentais, cria novas formas de revisitar e reinterpretar eventos históricos, complementando as abordagens tradicionais da historiografia.
A seção tem como objetivo discutir a contribuição do cinema para a ampliação do discurso histórico e de memória no contexto luso-africano. Por conseguinte, serão abordadas as seguintes questões:

  • De que forma o cinema pode contribuir para a descolonização dos discursos históricos?
  • Quais estratégias cinematográficas criam espaços de revisão e reconfiguração da memória coletiva?
  • Como os mecanismos de repressão, ocultação e construção de alteridades são representados no cinema, e de que forma são contrapostos?
  • Como o cinema pode combater as representações binárias e as narrativas coloniais, oferecendo novas perspectivas sobre a alteridade e a identidade?
  • Que valor adicional resulta para a transmissão da história através do uso de procedimentos narrativos e de representação ficcionais, especialmente em conexão com técnicas e/ou evidências documentais (fotos, diários, etc.)?

São bem-vindas contribuições que abordem as questões propostas a partir de uma perspetiva mediática e cultural, reunindo estudos interdisciplinares sobre o cinema de países como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Desta maneira, o simpósio propõe uma discussão inovadora sobre como o cinema pode contribuir para a reavaliação da história e da memória no contexto luso-africano.
Quem tiver interesse em participar, por favor envie um resumo da sua proposta (aproximadamente 150-200 palavras), incluindo um título de trabalho, para as organizadoras até 30 de Abril 2025:

Kathrin Sartingen: kathrin.sartingen@univie.ac.at
Ana Carolina Torquato: ana.torquato.guerios@univie.ac.at
Sophie Everson-Baltas: sophie.baltas@univie.ac.at